(Ano findo, Ano vindo, Vida, enfim!)
Não existes pelos olhos
que possas ter azuis,
ou verdes, claros ou castanhos,
ou, mesmo, vesgos
ou estranhos.
Não existes pelo sangue
que possas ter real,
vermelho, ou plebeu,
de fatores positivo ou negativo,
de aporte universal.
Não existes pelo aspecto aparente,
que possas ter bonito,
ou atraente, ou menos ausente,
nem tanto feio, ou formoso,
simpático ou bendito, ou bondoso.
Não existes pelo porte físico,
que possas ter alto,
ou baixo, gordo ou magro,
esbelto ou combalido,
famoso ou, mesmo, esquecido.
Não existes pelo lado psíquico,
que possas ter mais,
ou menos inteligente,
ou diferente do que cabe acontecer
ao comum das gentes consequentes.
Não existes apenas pela vontade
de que possas querer existir,
ou fazer jus à permanência terrena,
mesmo com visão limitada
das essências pequenas.
Não existes pelo tanto de moedas
que possas angariar
de quem cruze à frente do olhar,
míope ou arguto, medíocre ou astuto,
dos que trajam molambos indigentes.
Existes, por teres capacidade
de competir contigo mesmo,
desde quando aprendeste a somar
e dividir os mínimos espaços,
os pequenos minutos,
pedaços de eternidade.