segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Migalhas de mim (2)


A cada ser sua sorte,
que tudo nasce e morre.
Até o sol, cedo ou tarde,
brilha intenso,
depois arde e explode.

À pedra, sua casa e cimento;
à árvore, sua mesa e cinzas;
ao capim seu viço e fermento;
à flor, sua beleza e luto;
ao fruto, sua cor e semente.

O boi, sua carne e couro;
a ave, seu canto e penas;  
o peixe, seu nado e alimento;
o homem, sua fome enorme,
conforme berço e nome.

De todos, o destino cobra caro
o mesmo desatino eterno e certo
da inexorável e temida morte,
ou o céu, a provação, o inferno,
o limbo, ou o vagar a esmo.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Migalhas de mim (1)


O que é isso?
O que é aquilo?
Por que isso?
Por que aquilo?
Para que serve?
Por que ferve?
Por que assim?
Por que agora?
Por que demora?
Por que começa
Por que o fim?

Por que não responder
ao acordar do contato,
por que não ajudar 
ao pro-curar do saber,
do entender imediato,
no primeiro filosofar
do ser diante do ser,
da criança, desde o início,
no ofício de perguntar?