terça-feira, 21 de agosto de 2018

Nuvens Esparsas (96)

Rosca sem fim:

Para cada passo, traços,
belos horizontes.
Para cada dia, luzes,
arrojadas travessias.
Para cada terreiro, flores,  
matizadas cores.
Para cada janela, solitude,
lágrimas de saudades.  
Para cada afago, bonanças,
merecidas bondades.
Para cada roteiro, receios,  
possíveis fantasias.
Para cada tecido, preceitos,
pensares em demasia.
Para cada altar, preces,
santos e santos protetores.
Para cada estória, sonhos,
imaginadas tramas.
Para cada ação, posturas,
desassombradas vontades.
Para cada broto, esperanças,
temperos da vida.
Para cada conta, rosários,
misteriosos ritos.
Para cada jeito, gestos,
benfazejas lembranças.
Para cada grito, ânsias,
intocáveis infinitos.
Para cada coisa, lugares,
ordenadas criaturas.
Para cada abraço, laços,
esquecidos temores.
Para cada encontro, promessas,
eternos recomeços.
Para cada olhar, propósitos,
momentos humanos.
Para cada semente, rebentos,
fertilizados amores.
Para cada virada, cuidados,  
evidenciadas memórias.
Para cada sinal, caminhos,
vindas e voltas infindas.

sábado, 18 de agosto de 2018

Nuvens Esparsas (95)

Não se pode dizer branquelo,
russo, pardo, preto, amarelo.
Aceitar-se-ia homem de cor,
branco, albino, alvo, negro, aço?
Que desafino! Que horror!
Que indesejável embaraço!

Pode-se pensar em atávico rancor,
vindo de qualquer lugar do mundo?
De praia, como efeito de ação solar?
De clínica, como fator de erreagá?
De coração, como conduto e vazão
de amor e fraternal abraço?

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Nuvens esparsas (94)

O que sou, o que represento,
o que soo, tão distante,
dentro da gigante imensidão?

Nem mesmo grão de poeira,
a vagar veloz e constante,
sem eira nem beira,
sem contramão, 
por privilégio, ou concessão,
entre galáxias, negros buracos,
vazios de espaços,
matérias plásticas,
cheio de vontades, imaginação,
em liberdade, sem qualquer 
incontida dimensão.