quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Novos Pensares 10


Pianista e piano,

teclas ligeiras

de dedos.





Imagens fugidias,

cabeça alienada,

penas quotidianas.



Pão nosso diário,

poucos saciados,

a suor amassado.




Sem esforço,

nem osso enterrado,

desencontrado. 



Leão solitário,

desmando de poder,

algo errado. 




De ponta-cabeça,

salto-mortal,

certeiro ou derradeiro. 





Pressa come cru,

jazinho ao pouso,

pés de cansaço. 





Janelas dos instantes,

lisas plumas voam,

levianas brisas. 



 
Meio-dia,

afogueados telhados

tremulam luzes. 





Voz no descampado,

paz ferida,

silêncio ao vento. 







Tapera, casa caída,

terreiro espreguiça,

cobras ao sol.



Príncipes, princesas,

glamur, realeza,

miséria à mesa. 




Farinha de ossos,

ofício secreto

do mau-cheiro. 



Aves de rapina,

benditas amigas 

do desperdício.

sábado, 19 de setembro de 2015

Novos pensares 9


Cuidado consigo,

forte ferocidade,

inimigo armado! 



Banal a morte,

mosca esvoaça,

desavisa da sorte.

  

Mosquito

esfrega o olho

sob mão armada. 



Criança não mente,

inventa fantasias,

sábia mente. 



Cavalo sonolento

espanta com rabo

moscas do vento.



Andarilho a pé,

ideias se descansam

de fazer cafuné. 

  

Pernas fatigadas,

devaneios sem freios

desandados passeios. 




Adrenalina,

exsudação do medo,

fugas à razão.




Tintas projetadas,

quadro se cria,

à revelia de pincéis. 



Memória

não mais guarda,

anais da história. 





Sexo se arrefece,

soçobra ao ânimo,

luzes se apagam. 



Finda a festa,

de novo à casa.

Solidão solidária! 



Calendários,

dias sem contas,

aniversários.  

  

Célere, cai a tarde,

fulgor se apaga.

Noite de silêncios! 

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Novos pensares 8


Vaidades das vaidades,

vidas ilusórias,

vontades penitentes. 



Quem não joga dados?

Deus em nós,

Deus em silêncio?  


Tudo passa,

tempo, alegria, dor,

que restará de amor? 

  

Ao sol, as sombras,

luz e solidão

dão-se as mãos. 


Três em um,

casal se desdobra,

sem sobra de indez. 



Madrugada, sono leve,

demora o dia,

mente vadia. 
  

Aurora abre o olho,

galo canta recepção,

do lado de fora. 




 Felicidade

arrebata mocidade.

Saudade! 


Sabores da mata,

amargo, salgado,

Acre doce.  


Ano novo vem,

ano velho vai,

lembranças vão e vêm. 



Desalento,

vento se infiltra,

frestas do tempo. 
  

Ringue, se extingue

animal acuado,

metamorfose.


Dinheiro

quebra ossos,

mentes vazias.


Solidão fria,

sensação carente

de empatia. 


sábado, 12 de setembro de 2015

Novos Pensares 7


Ninguém erra 

apenas uma vez,

de má fé. 

  

Esconde dados

atrás do rabo. 

Dissimula ação.

  

Transparência,

a mente não mente,

para dentro. 


Mentira, pernas curtas,

mágoas enraízam

dentro d´água. 



Bate pé na enxurrada,

água salpica vapores,

ardores da calçada. 



Onde dor mais dói?

Nos abastados?

Na mãe de caducados heróis? 



Tudo se mistura,

caldo de conteúdo

de culturas. 





Futilidades,

distribuição de graça,

taças de cristais. 



  

Textos curtos,

fôlego minguado,

delongas de histórias. 



De Marte, a sorte,

indícios de morte,

e sacrifícios?




Mil e uma noites,

mil e uns dias,

iguais fantasias. 





Histórias contadas,

verdade sempre aflora

do lado de fora.




Brincar de palavras,

pensares brotam

de vagares. 

  

Riscos vagos

n´águas

de esquecimentos. 

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Novos Pensares 6


Poesia sem grilhões,
sem cruz,
espada ou capuz. 

               
Livros olham
de soslaio,
estantes de vida. 

  

Campo sem flores,
girassol solitário
se desespera.

  
Fortes ventos,
jeitos violentos,
sopram à morte.



dar pesado,
carregado de pesares
atrasados. 



Vida, instantezinho,
poeira de sóis,
terras em torvelinho. 

 
Bem longe,
pós de nebulosas
nos orbitam. 



Não leio ligeiro,
estudo, primeiro,
livros e o mundo.

 
De vagar bem longe,
permita o infinito
divisa dos conflitos. 


Abraços carentes,
lugares tantos, 
dentro de si. 


Viagens mais longe,
espaço ermo
inatingível.  


Pedaços de mundos
corrigidos no peito,
tortos e direitos. 


Beijo inesperado,
desejos ousados,
tempos guardados. 


Aflição,
rói-se a mão,
morte em vida?

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Nuvens Esparsas 10


(Relembrando tempos reclusos)



Deus me vê, me aclara,

não me censura, cura,

nem lhe cabe condenar.

Olho de Deus

não conhece mau-olhado,

nunca foi triangular,

severo, oblíquo, raivoso,

dissimulado.



Bondoso, sempre, foi,

com muita vontade

de ajudar o pobre coitado.

Não me olhou

no banheiro, ou sanitário,

para evitar

o vício solitário.



Nem enxergou, malsim,

no escuro do confessionário,

pensamentos culpados,

resistentes,

noturnos, reincidentes,

como a consciência de Caim,

no refúgio solitário.



Dentro da vedada muralha,

assentado numa cadeira fria,

rígido, encolhido, inseguro

na sombra profunda,

o revejo foragido verdugo,

em “ La Conscience”,

poema escuro de Victor Hugo.