quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Migalhas de Mim (117)

 

Quase todo o mundo está a morrer,

de falência múltipla do espírito,

por falta de sensibilidade,

desses pobres coitados, vertebrados,

donos e escravos de dinheiro roubado.

 

Que seremos nós, depois das guerras,

teleguiados das bombas

saídos de cabeças alopradas?

Voltaremos ao pó de onde viemos,

como filhos de Noé e dos dinossauros?

 

Que arca conduzirá algum de nós

para voltarmos de novo,

quem sabe! ao ovo,

desesperançados dos tropeços

e recomeços dos passados?

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Migalhas de Mim (116)

 

Antes eram os ancestrais, dos anais,

depois, dos assentamentos dos avós,

de que e de quem nem se lembra mais,

e dos ais aos pais que se vão diluindo

na memória falaz, provisória e fugaz,

tal como se dará com os filhos, netos,

bis e tetranetos, retos, diretos, indiretos,

descendentes que fácil-fácil se esquecerão

das semelhanças que se amarelecem

nas peles e papéis dos velhos jornais,

nem se guardam mais na genética frenética,

jogados ao fogo, aos ventos dos elementos,

pois, passam-se as lembranças das heranças,

como a propriedade dos laços entrelaçados,

que os tempos fazem, desfazem e refazem,

sem mais consciências de ocupados espaços,

pelos jamais.

sábado, 6 de agosto de 2022

Migalhas de Mim (115)

 

Um erro, um cochilo,

um clique na desatenção,

em contramão,

na voracidade do ímpeto 

das vaidades

fazem-nos, num átimo,

em fumaça, de graça,

sem dor nem dó,

porque pós já somos,

desde Adão,

átomos de argila,

ainda molhada,

de outros dilúvios,

sempre de mal usos.

Para tanto não haverá

definição,

para outras quaisquer

soluções,

complicadas equações

enigmáticas,

dessa humana matemática.