sexta-feira, 30 de março de 2018

Nuvens Esparsas (83)


Há os que se cansam
de passarem por maus,
e passam a ser bons,
como efeito de esperteza,
ou plano de defesa.

Há os que se cansam
de serem bons, por opção,
e passam a austeros demais,
com pouca chance
de voltarem a tempos atrás.

Somente a humana natureza,  
para lançar lume à questão:
quem recusa empréstimo
conserva fiéis os amigos,
e prazeres de bom convívio.

Outros, só por emprestar,
têm, quase sempre, o desgosto
de terem de cobrar o atrasado,
e pagar imposto do ar severo,
com gosto amaro de mau-olhado.

quinta-feira, 15 de março de 2018

Nuvens esparsas (82)


Se é arte ou não, não sei,
por carência me safei de definição!
Mas sei que arte se fez e se faz,
sem desfazer razões de montão.

Se pintei os setes de meus nomes,
de minhas datas e idades,
coincidentes a tantos acidentes
de percalços e percursos, pois não!

Minhas “malasartes” não conhecem museus,
não ganham prêmios, nem evocam críticas,
por inexistência de genuflexões, quiça!
Ou por serem tão só rabiscos de ocasiões.

Traduzo meu viver diário, porventura!
sem muito saber divulgar meus pensares
direito e diretos, por desnecessários,
em palcos de concertos imaginários.

Não lhes procuro aval, mas vau, quem sabe!
Se leitores os validarem, valeu a ousadia?
Talvez, sim, talvez não!
Se acudirem à penada, louvadas as tintas,
que, por precisão, os avocaram!