domingo, 26 de maio de 2019

Migalhas de mim (7)



Mimi

Le temps passe, eu passo, passamos
por onde nascemos, por onde andamos,
lá, onde tudo tinha que ser.
Mimi conosco passa, naturalmente,
como passam os passarinhos,
da segunda à terceira idade,
sans perdre la majesté.

O tempo tranquilo se mudou,
para o lado esquerdo do peito,
onde a saudade deixa devedores
le numéro 2, Place Edmond Rostand,
le Quartier Latin, la Sorbonne, le Boul´Miche,
les jardins du Luxembourg et alentours.
Não serão mais o que já foram
os tempos atrasados.

Do térreo às sobrelojas,
du premier au second étage,
às vezes, até, ao quinto andar,
(où la noblesse décadente
não encontrava guarida... e definhava),
tudo era vida, vaivéns de estudos,
vontades demais, naqueles lugares de paz.

Nos anos setenta, em Paris,
(toujours éblouissante),
a seiva subia e descia escadarias,
num repente, de correrias, afazeres,
du rez-de-chaussée aux cheminées,
des chambres de bonnes
aux temps passés.

Hoje, a se ver de longe, os olhos míopes,
a janela e seu balcon se quedam desertos,
parecem vazios, sem vida e juventudes,
cheios de lembranças, ferros e alvenarias.
(Mimi mudou-se, para longe dali
dos jardins e das inquietudes
de la Grande Ville.)

Pâtisseries,Terrasses et  Cafés
cercados, esperam reformas
de recém-chegados donos.
Ares se inspiram de novos rumos,
diferentes rostos, roupagens várias,
de la mode et des nouveautés.

A alma, talvez, já desgastada,
de energias passadas, se vê desanimada.
Os tempos são outros, também mudados.  
Cependant, a neta do saudoso visitante, 
pleine de viese prépare déjà: 
-Bonjour Mimi, ça va?

(à Madame Lajous – Mimi para os íntimos)

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Migalhas de mim (6)


Foram-se os parnasianos,
simbolistas, cubistas, outros istas,
amarrados a camisas de força,
em belas telas, esculturas,
estilistas de treliças.

Agora, nos vastos horizontes,
o ar puro, os livres ventos,
inúmeras aventuras, adventos,
por montes, relentos, alturas,
solturas pros artistas.