Depois dos setenta,
a imagem do homem
fragiliza-se, vira trapo,
rasgado pano
de saco.
A mulher, mais longeva,
leva alargadas vantagens:
se agiliza, se fortalece,
esquece fatigas,
fica brava.
Põe-se a criticar a sorte,
deitar falas, às claras,
das birras do marido,
passaquá e desvalido,
até, ali, silenciadas.
Já antes, só o fazia, à socapa,
quando o janota bonitão,
poderia deixá-la por outras
saias, queimar roupas
e recontar favas contadas.
Mas...quem concebeu e forjou
tal humanidade social,
partidária e tão desigual,
sem escape de se poder fugir
de imperativo natural?