terça-feira, 29 de novembro de 2016

Nuvens esparsas (32)

Há contextos que nem mais sabemos
por que, embora temerários,
adotamos.
Há pretextos que nem mais nos lembramos
por que, mesmo desnecessários,
utilizamos.
Há textos que nem bem pressentimos
se, por desencanto, solitários,
criamos.

Passa o tempo, e anula da memória
lutas inglórias que
lutamos.
Passa o tempo, e apaga das estradas
pegadas que, por lá,
deixamos.
Passa o tempo, e nos faz esquecer
do tão pouco prazer que partilhamos,
só com quem sabemos que muito
amamos.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Nuvens esparsas (31)


O que fazem elas, 
agora,
em momentos de lembranças
e ressentimentos antigos?

De certo, pensam menos em si,
em vaivéns de cobranças 
e sentimentos
que mantenham comigo.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Nuvens esparsas (30)

Espaços lapidares

De saída, o sol da tarde relança raios mornos
sobre lápides, nesse recanto triste e solitário.
Ali ainda existem lembranças de vidas descoradas.
Retratos se apagam aos poucos das memórias,
e já quase nada revelam e falam aos visitantes.

Mortos se esquecem dos que não estão mortos?
O espírito vivifica em assentos etéreos?

Apenas alguns vivos ali vão, para se lembrarem
de que mais dias menos dias, também o sol embaçado
menos aquecerá aqueles lugares de frio profundo,
e repartirá como a tristeza de entardecer moribundo.
Mais um 2 do11, desse 2016 ter-se-á finado.