quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Nuvens Esparsas (29)

Razão ou fé

O homem científico crê nas hipóteses
a serem ou não confirmadas,
para se criar ainda mais hipóteses
a serem ou não dispensadas,
conforme a luz intensa ou apagada
de esferas imaginadas.

O homem crente vive na fé,
até que o mistério, seu sustento,
se desfaça em momento
nos achados da ciência.

Homens de fé, de razão e sentimentos,
um não arreda pé de sonhos proféticos,
outro de procuras de provas,
para mais sonhos hipotéticos.

O cientista abre as asas sobre a mente,
e planta sementes no infinito 
do desconhecido irrestrito
que acredita possível de conhecimento.

O devoto fiel abre o coração 
a desejos ardentes e dúvidas infindas,
e simplesmente crê no que não vê,
ou no que não compreende ainda.

domingo, 2 de outubro de 2016

Nuvens esparsas (28)

Inexorável mente

Não adianta buscar no tempo
imagens do passado.
A foto da turma da escola,
da formatura de há anos
já se desfez, definitivamente.

O tempo sempre escapa
por entre dedos fechados.
Mesmo molhada, a areia
deixa vazar grãos desgrudados,
para o chão escavado.

Corpos envelhecem,
mudam de cara,
a mente embaralha nomes,
esquece traços dos rostos,
irreconhecíveis lembranças.

Solução seria não deixar de viver
os rápidos momentos presentes.
A trajetória de cada um é in-diferente,
nem no corpo, nem na ânima,
figuras do passado são definitivamente.

Como encontrar o que já se foi,
neste universo infinito,
indo e vindo, mudando de elementos,
como ondas de mar revolto
e agitados ventos?

Ela, por exemplo, que era
dona de um quase tudo absoluto,
de mais brilho e pouca sombra,
hoje é quase nada que se soma
a espaço e tempo irresolutos.

sábado, 1 de outubro de 2016

Nuvens esparsas (27)


No gatilho, trazer a bala,
para uso sem abuso:
palavra adrede preparada,
para precisada ocasião.

Entanto, não se abala
consciências calejadas,
porque demora mudar
cultura que não cala.



           xxx



Quem quis segurá-lo
de qualquer jeito,
pelo beijo, pelo abraço,
que não surtiram efeito,
só tinha um único jeito
de o atar com proveito:
não o pegar pelo laço,
mas pelo mais tênue traço
de quase nenhum confeito.