quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Migalhas de Mim (129)

 

Nos tempos d`antanho,

dos avós, dos pais, dos tios,  

e dos quantos mais ancestrais,

eram os valores de maior

ou de menor tamanho?

 

Correm os tempos atuais,

assim díspares, sem motivação,

que fatos já nem tanto me comovem

ou abraçam ou mais convençam

de inteira prontidão!

 

Anos pregressos dessa percepção,

sugeriram ideias acerca de pós

a que me haveria de voltar,

agora, já, cada vez,

mais milenar!

 

Seriam momentos de se calar,

de não se saber se se vai,

se se fica ou se só se abdica

de mais readitamentos,

que já nem tanto se justificam?

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Migalhas de Mim (128)

 

Ninguém sabe

do quanto gostaria ela de dizer

e não diz, por inteiro,

para não fazer infeliz

o companheiro.

 

Ninguém sabe

do quanto gostaria ele de dizer

e não diz, baixa a cerviz,

pelos mesmos motivos,

de raiz.

 

Ninguém saberá de seus segredos

guardados a sete chaves, custódios,

sem medo do silêncio, sem ódio

mas longe dos filhos, dos próximos,

dos amigos ou profissionais do id,

do ego ou superego ou do dissenso,

sem os alívios das dores da alma,

sem os aplausos e salvas de palmas.

 

Por que é tão complexa,

perversa e desumana

a sociedade que não desvela

ou revela individuais reservas

e dificuldades diversas,

incógnitas da psiquê humana?

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Migalhas de Mim (127)

 

Há que haver Deus vingativo,

para homens atrozes e maus,

que dão de beber veneno ou gasolina

a crianças sãs, palestinas,

para incendiá-las diante de gente cega,

seres sem ego, de cabeças de prego?

 

Há que haver vida digna, sincera,

para além do planeta Marte,

onde aconteça justiça vera,

aos que aqui são de pouca sorte,

que nascem e sofrem as diferenças

desde a nascença até a morte severa?

 

Há que haver inferno, doído e eterno,

que abrigue homens dementes

que eliminam mulheres e filhos

por serem canteiros e sementes,

promessas de mais tantas gentes

conscientes das ofensas catervas?

 

Há que se deixar somente a Deus

a missão de julgar os assassinos

da humanidade, coléricos e falaciosos,

da justiça dos homens, oculta e falha,

se a divina, distante e misteriosa,

só pertença a Deus que nos valha?