sábado, 25 de abril de 2020

Migalhas de Mim (26)


O que faz um animal mudar de rumo,
no seu caminhar existencial,
ou um pássaro exibir, estonteante,
multicolorida plumagem e beleza,
e viver em sintonia com a natureza?
Talvez um instinto, uma aparência
de insofismável sobrevivência,
sem a ajuda da ciência.

O que faz um homem pensante,
cheio de razões e consistências,
olhar para o céu e tal espaço etéreo,
à procura de plausível explicação
para tantos desafios e mistérios?
Talvez uma atávica insatisfação
de não se poder navegar
para além da imaginação.

O que faz os antepassados
se esconderem entre nuvens,
certos de não poderem avançar
sinal fechado, de caso pensado,
e vir concertar mal traçados rumos
de irmãos, ainda vacilantes?
Talvez a indébita intromissão,
na escolha de inerente evolução.

Ninguém conhece bem os fatos
que nos fazem governar
os próprios atos.

Migalhas de Mim (25)



De quando em quando,
vêm-me relâmpagos,
e, então, destampo
vívidos molambos.

Traço riscos, esgarço
em largos espaços
os tantos espantos
por que passo.


xxx


O que teria ocorrido,
se o que não foi
tivesse existido?

Ninguém soube,
ninguém sabe,
nem há de saber
por desconhecido.

Tempo flagrante,
não acontece
nem d´agora em diante.

sábado, 18 de abril de 2020

Migalhas de Mim (24)


Com isso o tempo passa,
sem isso o tempo passa,
por isso o tempo passa.
O tempo sempre passa,
só não passa meu pesar,
de sentir o tempo passar.

+ + +


O tempo, aqui,
só existe,
porque passa,
como eu passo,
por algum lugar.

Sem mim,
o tempo não passa,
como já passou,
como vai passar,
e haverá de passar.

O espaço,
como o tempo,
também passa
por onde moro,
e não demora
a comigo passar.












segunda-feira, 13 de abril de 2020

Migalhas de mim (23)


666

Amigos navegantes,
divulguem o quanto antes,
nas redes sociais:

As potências estelares
determinaram assim:
“Ou o vírus ou a paz,
ou bombas e mais armas,
algo pior por vir/us,
sem a solidariedade
entre os entes vivos.”

Trump, Xi Jiping, Putin,
(quem mais, de mais juízo?)
para avaliar os prejuízos!

Migalhas de mim (22)

  Passageiro

Instantes passam,
passam momentos.
Passam segundos, minutos,
horas, dias, meses,
anos, idades.
Passa tempo,
vida sempiterna,  
e contratempos.

Passam, inúmeras, nuvens,
chuvas, vento.
Passam pássaros,
passarada.
Passam bois, passa boiada.
Passam bichos, bicharada.
Passa a humanidade,
desterrada.

Passam terras,
luas enluaradas,
circulante planetada.
Passam, transluzindo, o sol,
cometas, estrelas enfileiradas.
Passa firmamento,
imensidades,
dimensões inimaginadas.

Passo eu de passagens,
andaluzindo das alturas,
atarefado luzeiro,
passageiro.  
Passo por margens,
sem estradas,
na luzidia curvatura da luz,
passante, em disparada.

Para onde, ora voo,  
como pássaro me movo,
me co-movo,
em tantas e mais jornadas,
e me inovo,
andalúcido viajeiro,
sempre indo e vindo,
clarindo, de mente ligada.

Tudo passa,
e como passa!
Tudo move, movimento.
Nada estático,
de energia parada.
Tudo prático,
se cumprindo azado
o de há muito planejado