domingo, 17 de março de 2013

Pensares a conta-gotas (186)


Onde já estive, não sei,
em que céus estarei,
o que será de mim,
se a vida é eterna,
e a morte certa
não será o fim? 

 

 
Por que o batismo
precisar apagar pecado
de quem jamais o cometeu?
Por que nascer condenado
nesse mundo maniqueu? 

Impensável, morrer destinado
a seguir, compulsório, 
aos céus, infernos ou purgatórios,
ou ao limbo,
que, por ilusório e inútil,
já se extinguiu! 

Para onde vão,
foram ou irão,
os que, em contramão,
não conheceram
o Deus cristão? 

Se houver respostas,
que sejam tais à Imaculada Concepção,
caso não,
que sejam iguais ao que fomos e somos,
distantes da Instituição.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Pensares a conta-gotas (185)



Pouco adianta procurar coisas,
que só se deixam encontrar,
quando menos se fazem
esperar. 
Elas se escondem, proposital,
do olhar, da mão, da precisão,
mas chegam, como não podem
deixar de chegar. 
A graça do inesperado
está no viajar a esmo,
narinas ao vento do momento,
fora ou dentro de si mesmo.  
 
A poesia paira etérea,
a prescindir da matéria.
Quando ocorre se vestir
de prazeres, pompas ou penas,
assume formas terrenas.
Já o poema, o verso, ou a prosa
são suas vestimentas à mão,
para agradarem aos sentidos,
à situação,
segundo vontade singular,
da poética mediática
da precisão de se mostrar,
sem mais vagar.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Pensares a conta-gotas (184)


Mais perguntas:

Onde poderemos ser,
ainda,
nós mesmos,
sem só precisarmos divulgar
fartos feitos,
em descampados de silêncios
que apontam
céus,
que alargam maiores efeitos? 

Onde poderemos sair,
assim,
com projetos
de cumprirmos os começos,
fins e meios,
sem olharmos para trás,
sem o alcance
de enxergar ideais,
por apoiar preconceitos? 

Onde saberemos recompor
nome-sujeito,
e pensarmos
mais além,
do que em nós-mesmos,
a nos cobrarmos pessoais
valores-objetos,
a nos contentarmos
com trajetos-incertos? 

Valerá a pena vivermos
em nuvens imaginárias,
existentes em pós,
bem mais ilusórias,
do que em nós,
escondidos nas próprias cavernas,
para, sobremodo,
acreditarmos
em extraordinárias histórias? 

A humilde postura
parece ser
a de vivermos discretos,
seguirmos roteiros certos,
para melhores acertos,
longe de perdulários mundos,
com os mínimos critérios,
guardados em armários de memórias,
e de mistérios!

quarta-feira, 6 de março de 2013

Pensares a conta-gotas (183)


Se me provam,
que me aprovem!
Se me reprovam,
que me renovem!
Sou do barro,
onde me ex-barro.
 
 

Sou de muitos passos,
passo e repasso,
transpasso os espaços,
no compasso dos tropeços
e do cansaço,
algo faço, de que careço.


 
Percorre-se o mesmo tanto
de estradas,
descendo, subindo,
chegando, partindo,
vivendo,
nutrindo-se de caminhadas. 
 
 

Apesar de tudo,
nada, ou ninguém, é imortal,
neste trecho de mundo,
sem o igual,
nem o polêmico,
muito menos o acadêmico.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Pensares a conta-gotas (182)


As montanhas,
que fascinam os homens,
ensinam que não são os ratos
os únicos viventes, de fato,
paridos de tremores,
entre alegrias e dores.

 


 
Do fim nasce o começo.
Do começo se tece
o eterno processo
dos mistérios, 
dos fins e recomeços.

 

 
Menina, menina linda,
quanto mais menina,
mais linda ainda! 

Chamava-se Maria,
Maria luz e dia,
que a noite era tão fria! 

Maria de mais valia,
que só do calor em vê-la,
enchia-se de estrelas! 

Tal amor, de calor maior,
tinha brilho de mais fulgor
de menina Maria Estela!