terça-feira, 30 de maio de 2017

Nuvens Esparsas (58)

Não há longe, nem longes,
que não percorra o pensamento.
Num átimo de segundo,
mais que as distâncias da luz,
corre o que sempre nos conduz.

Não é o mundo, assim,
tão grande ou pequeno,
ou, mesmo, inacessível,
para amor que nos resume,
sem se entregar a ciúmes.

Há quem tenha a seu dispor
as chaves de abrir infinitos,
com a inexistência do tempo,
para o que der e quando vier,
onde só sentimentos houver.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Nuvens esparsas (57)

Se eu tivesse feito diferente,
em uma idade bem diferente,
tudo seria diferente, ou igual,
tudo poderia ter andado para trás,
ou para frente, horizontal.

Isso, agora, é-me indeferente,
deixo como está, comodamente,
aguardo que tempos e lugares
me reservem seu tanto potencial
de saberem ser complacentes.

domingo, 21 de maio de 2017

Nuvens esparsa (56)

A hora do desapego chega a galope.
Onde colocar o que não se leva?
O que fica é demasiado pesado,
para quem continua a caminhada.

Desfaz-se a mala para a viagem.
E não se sabe para onde ir,
se para lugares longe, bem longe,
ou se fica por aí, a vagar no ar,
à espera de breve retorno,
sem atrativos, sem mais adornos,
apenas uma aura fina como pele,
uma roupa leve de corpo-neblina.

terça-feira, 9 de maio de 2017

Nuvens esparsas (55)

"Todas as religiões são benditas, 
todas se ligam e se religam a um Ser superior, 
que se propõe a fazer o bem". (do autor)



Bebo de todas as fontes,
que sejam de boa água,
com a sede do momento,
que não só me saciem a ânsia,
mas promovam deleitamento.

De algumas sorvo mais,
de outras degusto menos,
por afastadas ou vicinais,
dos lugares onde frequento,
ou revenho em renascimentos.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Nuvens Esparsas 54

Deus me perdõe a pouca fé,
e me aumente a capacidade
de entender obscuridades,
pela luz natural da razão.

Então, serei eterno incrédulo,
em estado de potencialidades,
buscando Deus, sempre ato,
intangível, etéreo, desiderato.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Nuvens esparsas (53)

Crentes ateus,
em final de missão, descrentes,
neste torrão de poeira, água e lama,
dizem ter alimentado vidas e fama,
sem nada pretender ganhar ou perder
de salvação.

De noite, podem esbanjar alegrias,
tristezas esconder da fisionomia,
combater quaisquer maldades,
inda que gastem economias,
viver de preferências
no dia a dia.

Incrédulos de outras existências,
como, de boca, sempre produzem,
têm, porém, no coração mais decência,
nesse vai e vem de mundos rudos,
nem sempre concordes de aparências,
e jogos de vale-tudo.