sábado, 29 de julho de 2017

Nuvens Esparsas (66)

Nossas escolhas não são nossas escolhas,
que não são as de nossos semelhantes.
As de hoje já não serão as de amanhã,
nem as de depois serão nossas ou alheias.
O destino não nos dá tais direitos de decisão.

O que hoje nos contenta são nossos amores,
novos valores; e o que mais se quiser valer
pode não ser atitudes que iremos escolher.
A temperança é a alma de tudo a nos guiar,
que a cada um carrega de pensares constantes.

terça-feira, 25 de julho de 2017

Nuvens esparsas (65)

Rosário: 

Quando penso já ter de muito esgotado
mananciais, suprimentos de jornada,
com a máxima temperança devida,
abro, ainda, a caixa de mantimentos,
e encontro o de que me alimentar
pela longa caminhada encetada,
que me há de levar a mais provimentos,
nessa fadiga prevista, e já empenhada.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Alice 2

Para Alice, em 14/7/17:

Tempos e espaços no caminho
de uma Alice esperta.

As horas, os dias, os meses voaram depressa,
e , já, Alice fecha o primeiro ano de energias,
dos muitos que, ainda, virão,
cheios de grandes e bons momentos,
felicidades, bondades, saúde e contentamentos,
como se espera, com muito orgulho,
neste quatorze de julho.

O que ela encontrará nesse passar de tempos,
de belas imagens, semelhantes a nuvens,  
de textura copiosa e salutar, em céus puros,
azuis profundos, povoados de mundos
ligeiros, exatos, verdadeiros, fecundos,
tais máquinas celulares,
de que tanto gosta?

Com o diminuir dos trajetos,
cada vez mais pertos, e voos mais distantes,
a imensidão desses espaços sem beiras
não a conterá, como a muitos desavisados,
e ela viajará, pelos conhecimentos,
e bem mais fantasias,
tal a outra Alice das maravilhas.

Daqui a mais cem anos,
o que será da nossa Alice,
das Alices-filhas, netas, bis e tetranetas?
Só o tempo das gerações saberá.
O que serão de outras crianças, suas amigas?
O que seremos nós, pais boquiabertos,
parentes próximos e avós expertos?

Seremos todos, certamente, poeiras de sóis,
estrelas luminares, circulares, paralelas,
energias em sinergias, indo e vindo,
nesse vai e vem de vidas se repetindo,
se proliferando em ditosas companhias,
porque ninguém vive sozinho,
tampouco a homenageada, Alice,
sem a ajuda de bons vizinhos.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Nuvens Esparsas (64)

Pés descalços, mãos nuas ao encalço,
cabeça ao vento, coração aos sobressaltos,
nada, nem ninguém me segura,
quando aponto o nariz
em direção dos chamamentos.

Por insatisfeito, de pequena estatura,
inspiro-me no além do espaço terreno,
sou do tipo que, por descontente,
vive à procura de longes distâncias
de muito mais movimentos.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Nuvens Esparsas (63)

Uns morrem cedo, outros bem longevos,
uns nascem cegos, surdos-mudos,
míseros deficientes, paralíticos,
retardados, indigentes, rudos.

Outros, já, abastados, capazes, inteligentes,
endinheirados, nobres, tagarelas, 
sem lembranças de mazelas.

Por que tantas discrepâncias e tristezas,
que fogem ao belo, 
à harmonia da natureza?

Má sorte, vizinhança da morte, fatalidade,
simples dever de escola, no aprendizado da vida,
procura de integridade, de melhores notas 
na superação de dívidas contraídas? 

sábado, 1 de julho de 2017

Nuvens Esparsas (62)


O dia, antes, era comprido,
andava-se a pé, devagarinho,
se podia errar pelos caminhos,
em conversas descontraídas.

A hora, agora, é mais curta,
viaja-se no vão dos pensamentos,
pouco ou nada se é motivado
pela paz e felizes congraçamentos.

Com menos azados zigues-zagues ,
escasseiam-se os amigos,
pouco se enxerga em vieses desiguais,
confiados em não se olhar de lado.

Inimigos são legiões de aflições,
provindas dos quatro costados,
nesse mundo sem (en)cantos,
de vazados infinitos, e confrontos fatais.