Linguagens
Em qualquer lugar
desse vasto mundo,
cães falam e se entendem,
na linguagem dos cães.
Também galos e gatos,
galinhas e andorinhas,
bois, cavalos, bodes e burros,
carneiros e camelos,
os todos animais da Arca,
do Presépio e das gravuras,
da terra, do mar e das alturas.
Em qualquer lugar, qualquer coisa,
águas e águas, nuvens e nuvens,
árvores e árvores, montanhas,
sapotis e açaís, planícies e grutas,
falam a mesma linguagem, absoluta.
Linguagens dos bichos,
das chuvas a correrem para os rios,
das pedras a rolarem nos precipícios,
das esmeraldas a traduzirem valores,
das begônias, alecrins e amoras,
e auroras e rosas dos ventos.
Ainda, dos caquis maduros,
das folhas, flores e frutos,
dos espaços relativos,
dos jardins, matas e pantanais,
dos seres reativos
a revelarem semas naturais.
Os homens, apenas, que os inalam,
os consomem e dominam,
não se entendem, se incriminam,
se dividem em salas,
e falam na linguagem dos homens-balas?