segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Pensares a conta-gotas (175)


Linguagens 

Em qualquer lugar
desse vasto mundo,
cães falam e se entendem,
na linguagem dos cães. 

Também galos e gatos,
galinhas e andorinhas,
bois, cavalos, bodes e burros,
carneiros e camelos,
os todos animais da Arca,
do Presépio e das gravuras,
da terra, do mar e das alturas. 

Em qualquer lugar, qualquer coisa,
águas e águas, nuvens e nuvens,
árvores e árvores, montanhas,
sapotis e açaís, planícies e grutas,
falam a mesma linguagem, absoluta. 

Linguagens dos bichos,
das chuvas a correrem para os rios,
das pedras a rolarem nos precipícios,
das esmeraldas a traduzirem valores,
das begônias, alecrins e amoras,
e auroras e rosas dos ventos. 

Ainda, dos caquis maduros,
das folhas, flores e frutos,
dos espaços relativos,
dos jardins, matas e pantanais,
dos seres reativos
a revelarem semas naturais. 

Os homens, apenas, que os inalam,
os consomem e dominam,
não se entendem, se incriminam,
se dividem em salas,
e falam na linguagem dos homens-balas?

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