quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Pensares a conta-gotas (178)


O poeta dos infinitos conflitos,
do sempre calado eco de gritos,
do desentendimento de quantos limites,
da falta de razão em atos incertos,
do lado esconso do dito pelo não dito,
do vai-não-vem, do vem-não-vai de compromissos,
do deixa estar, do deixa disso,
do esperar para ver como é que ficam as normas dos ritos,
das indecisões, com precipitações nos contatos,
da pouca leitura, da escassa vida, das loucuras,
das borrascas, das raras calmarias da alma,
da cara lavada em desilusões, vezes enxovalhada,
da natureza descontente, por um quase nada de ciência,
da falta de assunto no trato com a hora marcada,
da conversa afinada, do tímido descanso do aceno,
da escassez da água no remanso, no sustento da manada,
da dormência na alma, na madrugada sem sono,
da carência de aconchego, do costumeiro abandono.

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