Tudo são os outros, consigo nada
acontece.
Eles envelhecem, perdem a razão,
se esquecem de horários, se
desconhecem,
e se afastam em vão, dos demais
mortais.
Os outros abrem mão da forte vontade
de levar a passear filhos e netos,
de ler, escrever, conversar com os silêncios
com os próximos circunstanciais.
Os outros dormem tarde, acordam
cedo,
sonham segredos, passam noites em
claro,
desconhecem vaidades, cuidados
consigo mesmo,
contam os dias, as horas em vida de
segredos.
Os outros teimam, são pouco
conviviáveis,
resmungam, respondem de travessa,
fazem cara feia, escondem sorrisos na socapa,
perdem o juízo, a todo momento preciso.
Os outros são os outros, como se diz,
em alguns lugares difíceis de se
lembrar,
quando a gente se propõe a procurar nos escritos,
tanto mais agora, às portas do
paraíso.
Fica-se nessa, então, de não se abrir as
mãos,
de perder-se na vontade, vaidade,
vitalidade,
na idade das festas de encomenda,
sem a farta ilusão da velha concertação.
Entra-se, logo, “como diz o outro”,
em estado depressivo, na profunda decepção,
na descida fatal dos morros, como um
tudo,
perdendo-se norte, sul, leste e oeste,
à espera de morte inconteste, lasso e mudo.