quarta-feira, 29 de junho de 2011

Pensares a conta-gotas (2)

As plantas tecem ao sol
variados tecidos de escol
e mais se travestem
em cores de brilhos tais
às flores do girassol dos quintais.

Poucos as leem à luz do prazer
ou as entendem por inteiro viver,
conforme ao amarelo do milho e do ipê
ou as vivem parceiros e uniformes
com os ternos valores eternos
dos sempre alegres cultores.


Ele morria só de pensar
que mais dias, menos dias
haveria também de morrer
só de passar por passar
revel do viver por viver
sem pouco ou nada agregar
à cota salutar do bel-prazer.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Na China

Já antes de visitar a China, no mês de fevereiro, escrevi um poema sobre uma cena que assisti pela televisão, por ocasião dos jogos olímpicos de Pequim. Um poeta escrevia seus poemas sobre a calçada, assistido pelos que passavam, com pincéis embebidos em água. Esta mesma cena pude ver em visita a um pagode, templo budista, na cidade de Xi´an.

Hoje, vi uma cena de uma chinezinha que salvou, com um beijo, um adolescente prestes a se suicidar (http://extra.globo.com/noticias/mundo/beijo-de-desconhecida-evita-que-jovem-chines-cometa-suicidio-2119843.html).

Sobre a alma da China e dos chineses, esta solidariedade e espírito fraterno e amigável, escrevi, também, um poema, como lembrança de um passeio que me marcou no fundo d´alma.

Do livro "Poemas do For(n)o Íntimo" (2009):

O poeta chinês escrevia
na calçada da rua calma
poemas ideogramados
no silêncio de sua alma.

Seus pincéis eram molhados 
na água do desprendimento
e não da fama e das alturas
do reconhecimento do púlpito.

O calor do sol
e das tantas leituras
iam apagando a efemeridade
das partituras
no passeio público.

Sua arte projetava conjecturas
no afã das mentes sãs
de leitores e criaturas
desnuda de vaidades vãs.

Do livro, ainda inédito, "Pensares a contagotas":

Caminha-se à neve e ao sol,
nos variados climas e cantos,
da China.

Dorme-se à fantasia e ao sonho,
nos largos espaços e tempos
da China.

Revive-se à história e à hora,
nos muitos passados e glórias,
da China.

Na China, ama-se tanto e mais,
quando amigos se faz
o quanto se quiser,
ou se é capaz.

Pensares a conta-gotas (1)

Ninguém nasce sabendo.
Erra-se, primeiro, tentando,
E se acerta depois, vivendo.
Importa seguir colhendo
Os haveres da contenda,
Sem qualquer sinal de mando
Ou de desmando de parlenda.



Versos teimam em ver o dia, desobrigados,
Preferencialmente, valentes e vividos,
Desculpabilizados de falsos sentidos
Desprovidos da maledicência de sectários
(Severos jurados de regimes totalitários
De mundo de intolerâncias e de armários)
Libertos da trama rala de toscos tecidos,
Vazios de máculas de comentos hilários.

Podem, até, permanecer calados,
Por algum tempo mais, enclausurados,
Esquecidos nos asilos, represados,
Nunca, porém, de todo, emudecidos,
Na censura polêmica das conjunturas,
Porque nascidos em berço de estilos vários,
De esteta autônomo, arrojado missionário,
Menos adepto de aspectos temporários.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Para começo de conversa

Estou criando este blog para compartilhar com os amigos leitores algumas ideias sobre textos de cunho literário, que podem ser poesias, contos, crônicas. A ideia seria publicá-los e aguardar seus comentários e opiniões. Gostaria, também, de proporcionar-lhes algumas oportunidades de prazer literário e, ao mesmo tempo, provocar alguma crítica, construtiva, sobre os textos aqui publicados. A exerga que precede o "começo de conversa", que ouvi da boca do Ziraldo, já expressaria a minha alegria em sabê-los lidos e apreciados, sem que isto subtenda merecedores de elogios. Sugestões e críticas são bem vindas. Já que o texto nunca é definitivo, permitir-me-ei relançar alguns escritos que já vieram a público sob a forma de livros, e, que, mais dias menos dias, deveriam, mesmo, ser reescritos. Estou, de fato, preparando mais um livro de poemas ("Pensares a Conta-gotas") e um outro de contos e/ou crônicas ("Contos Contados"), dos quais vou lhes apresentando aos poucos alguns excertos. Espero ser presente. Obrigado pelas visitas e pelos comentários! Joaquim Caixeta


"Quem meu filho beija minha boca adoça" (pela boca do Ziraldo)


Esvazio gavetas e caixetas.
Não faço triagem em minhas imagens.
Alegres, variadas e tristes,
há delas boas, menos boas,
ruins e, até, menos ruins.
Na média, razoáveis coragens.

Obedeço o pé que por primeiro,
me coloca no espelho, ao me levantar,
no dia em que sucumbo à vontade
de escrever recados do coração.

Assim é na vida a esmo
de quem vive à revelia de si mesmo:
deixa-se levar pelo ritmo da corrida,
contemporiza-se nas despedidas.

A restolha fica por conta do leitor,
que bebe o quanto lhe aprouver
se quiser, ou como se puder,
embora espere, sempre, que me dê
a honra da sede, no gosto da bebida.



Lampejos são
desejos
vãos?