domingo, 27 de fevereiro de 2022

 

Estas cartas amarfanhadas,

amarradas em fios elásticos,

há muito não me pertencem.

Falam de amores, arrefecidos,

exalam-se de tempos plásticos.

 

Não as queimo, porque as autoras

muito as amei, e, mesmo, agora,

têm sabores e odores ressentidos,

de moradoras de gavetas reclusas,

de papeis e tintas ressequidos.

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Migalhas de Mim (108)

                            Penso no que escrevo,

do que me apeteço.


Para quando? Para quem?


Para mim, como ninguém


por certo e correto.

 



Também, para alguém


que encontre meus textos


em algum contexto


claro ou escuro,


de sebo ou livraria,


de monturo ou entulho,


com ou sem avarias.

 

Para que me atrevo?

Para desabafar o que me dói

ou me rói por dentro,

na alegria do sol

ou no desalento do momento.

 

Às vezes, me desprendo,

de uma borboleta que esvoaça,

à procura de flores que sugar,

ou de folhas novas onde botar

seus ovículos cristalinos,

no cumprimento do instinto

e do indomável destino.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Pensares a conta-gotas

 

Herodes continua vivo.

Comanda aviões 

de extermínio

de inocentes palestinos

que não fogem pro Egito,

morrem sob as bombas

dos filhos de Herodes, 

assassinos.