O tempo passa por Mendes
Em homenagem a Waldomiro Vieira (Caixeta)
Depois das preces, aos abraços,
partem todos em motorizadas divisões,
deixando incertos os espaços vazios.
Viram costas às encostas, a co-irmãos.
Talvez mais do que o passado,
fica um recado de promessas de mais
voltas.
O tempo parece se esquece tristonho
pelos corredores e escadarias
desertificadas,
onde o cheiro impregnado, quase estratificado,
faz relembrar momentos de recolhimento,
de há muito largados como em
redemoinhos,
sem movimentos.
Antes de também partir como os
outros,
em debandada companhia de prima
leva,
ele fica refém da alma diminuindo.
Quem ainda é capaz de suportar a
sensação
de por último saudar, ou fechar os
olhos por instante
a esses lugares ermos, edificantes?
A fazenda de Mendes não é mais de antiga mente,
está solitária, a resguardar
memórias
e lembranças vivas, que cada ligeiro
passageiro
carrega, com quantos por ali passaram,
que já se foram, que lá se vão,
até quando, só Deus sabe, voltarão?
O vento, aragem do tempo, dos
verdes da mata,
do silêncio dos caminhos, do
frescor de amor,
das almas dos que vagam sem serem
vistos,
se deixa fotografar pela sensação de
brisa amena
daqueles sempre hesitantes momentos de partida,
entre ir ou deixar desérticos os monumentos.