domingo, 11 de junho de 2017

Nuvens esparsas (60)

O tempo passa por Mendes 
Em homenagem a Waldomiro Vieira (Caixeta)

Depois das preces, aos abraços,
partem todos em motorizadas divisões,
deixando incertos os espaços vazios.
Viram costas às encostas, a co-irmãos.
Talvez mais do que o passado,
fica um recado de promessas de mais voltas.

O tempo parece se esquece tristonho
pelos corredores e escadarias desertificadas,
onde o cheiro impregnado, quase estratificado,
faz relembrar momentos de recolhimento,
de há muito largados como em redemoinhos,
sem movimentos.

Antes de também partir como os outros,
em debandada companhia de prima leva,
ele fica refém da alma diminuindo.
Quem ainda é capaz de suportar a sensação
de por último saudar, ou fechar os olhos por instante
a esses lugares ermos, edificantes?

A fazenda de Mendes não é mais de antiga mente,
está solitária, a resguardar memórias
e lembranças vivas, que cada ligeiro passageiro
carrega, com quantos por ali passaram,
que já se foram, que lá se vão, 
até quando, só Deus sabe, voltarão?

O vento, aragem do tempo, dos verdes da mata,
do silêncio dos caminhos, do frescor de amor,
das almas dos que vagam sem serem vistos,
se deixa fotografar pela sensação de brisa amena
daqueles sempre hesitantes momentos de partida,
entre ir ou deixar desérticos os monumentos.

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