(Paisagem)
Como se aportasse n'outro
planeta
sem mapa, bússola, ou luneta
exploro-me por
dentro,
paisagem alagada e sem margem,
para assistir-me sozinho
no centro,
ao relento.
Procuro nesta vastidão
de céus sem
cantos
minha própria
imagem perdida
que só
me descortina o indefinido
de minha sina.
Neste largo
vazio sem reta
nem rota
não há como
me ocultar
se quem chega sou eu
em derrota
que nem
reconhece o lugar
onde a porta?
∞
(Fugas)
Insisto-me na larga
do viso
entrego-me à loucura
de improviso
da caminhada
irreversível e dura
de um
sonho in-verso.
Esqueço-me das gentes
daninhas
insignificantes transeuntes
do ganho
a se apagarem no mapa
vazio das guerras.
Evado-me de mim
e desse mundo tacanho
volatilizo-me no espaço
sideral sem
fim
perco-me no tempo
profundo
calo-me impotente
perante a postura
infame
dos pré-tensos donos
de vidas.
Diluo-me no mar
dos esquecidos
náufrago sou descontente
com tudo
ainda provido de mente
e juízo
e, assim
mesmo, continuo mudo!