quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Canto e (des)encantos 3





(Cemitério)




Fervilha a cidade,

o Cristo

aponta o vazio,

abraça o barulho

dos vivos,

que alargam espaços,

em movimentos comparsas,

e borbulham

com passos de formigas,

gestando a vida

de arrastos.



O cemitério

resume a cidade,

reúne a quietude,

a solitude dos mortos,

silencia o efêmero,

estampado

nos rostos enfermos.



Bem mais populoso,

é, contudo, pequeno,

compacto terreno,

canteiro de ex-gentes,

diferentes em vida,

aqui lado a lado,

estendidas,

eternamente adormecidas.

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