sábado, 21 de novembro de 2015

Cantos e (des)encantos 10


(Paisagem)

Como se aportasse n'outro planeta

sem mapa, bússola, ou luneta

exploro-me por dentro,

paisagem alagada e sem margem,

para assistir-me sozinho no centro,

ao relento.



Procuro nesta vastidão de céus sem cantos

minha própria imagem perdida

que me descortina o indefinido

de minha sina.



Neste largo vazio sem reta nem rota

nãocomo me ocultar

se quem chega sou eu em derrota

que nem  reconhece o lugar

onde a porta?



              


(Fugas)

Insisto-me na larga do viso

entrego-me à loucura de improviso

da caminhada irreversível e dura

de um sonho in-verso.



Esqueço-me das gentes daninhas

insignificantes transeuntes do ganho

a se apagarem no mapa vazio das guerras.



Evado-me de mim e desse mundo tacanho

volatilizo-me no espaço sideral sem fim

perco-me no tempo profundo

calo-me impotente

perante a postura infame

dos pré-tensos donos de vidas.



Diluo-me no mar dos esquecidos

náufrago sou descontente com tudo

ainda provido de mente e juízo

e, assim mesmo, continuo mudo!

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