segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Cantos e des(encantos) 8


(Prisioneiro de mim)



Condenado ao movimento

observo a vida em voltas

nas árvores que não param

de folhear o vento.



Da janela, um homem

corre atrás de si, atrasado

sem se saber demente como eu

prisioneiro do tempo.



Para das fronteiras azuis vazadas

o vazio, o vácuo perpétuo, a infinita escuridão

o desconhecido me convidam

à uma viagem sem destino certo.



Olho fixo os pássaros

que fatiam o ar

pressinto um calor de liberdade

um ensejo que não é mais prisão.



A vista cansada

a memória esgotada

a marca na alma

um mal traçado currículo.



Viverei em longes sóis e estrelas permanentes

de luas a se revezar em céus multicolores

um lugar qualquer nos espaços ilimitados do mundo

estará a minha espera após a morte, de novo à vida.



Sonho e não sei sonhar

vivo sem saber viver

a força de tudo depende de mim

que preciso alcançar o fim do sofrer

                                          para merecer a justa coerência dos sóis.

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