domingo, 31 de outubro de 2021

Migalhas de Mim (102)

A limitação me apavora, me assenhora.

As distâncias, realmente, me limitam,

vivo cercado, sem liberdade de liberdades,

angustiado, no tempo sem tempo perdido,

de intrincados pensamentos de até libido.

 

Fujo dos instantes, dos momentos

e me encontro sem espaços prefixos,

que não só o tempo é eterno,

sem entendimento, sem satisfações

do que sempre quero e não delibero.

 

O céu é azul, o espaço sem sul, infinito,

a terra cheia de variados conflitos,

eu sou aqui, assim, efemeramente,

porque me vejo tão pequeno, terreno, 

e só me demoro onde não me espero,

sem ser aflito, nem um tanto sereno.

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Migalhas de Mim (101)

 

Pouco leio do correto,

no mais das vezes, 

folheio excertos,

como num desobrigado passeio,

de deixar o abstrato,

para flanar no concreto.

 

Quando leio, leio devagar,

mastigo até estame de flor

de umbigo de bananeira,

para mais degustar o sabor,

no engulo de tudo, de mansinho

para melhor digestão do conteúdo.

 

A quantidade dos livros que tenho?

Não os li todos por completo,

mas os namoro e sinto o cheiro,

do rosto ao objeto do prazer,

voluptuoso.

 

Contento-me com isso,

que não tenho contas

a prestar com ninguém.

Só comigo mesmo

sou avaro de meus vinténs,

contos, poesias, crônicas,

romances e mais formas 

de pensar o além,

escolhidas a dedo,

a esmo de mais alguém.

 

Sou ganancioso, também,

sem tanto ser pretensioso.

Nem sei por que me fiz,

assim, tão caro,

se nem me sei, sem anteparo,

ou se viverei só

Até amanhã!