terça-feira, 18 de julho de 2023

Migalhas de Mim (123)

 Nunca foi, é ou será minha frágil intenção

ofender a Deus, em sã consciência,

na pessoa de quem quer que seja

não somente meu irmão

de contingências.

 

Por que, então, temer

a quem nunca desejei magoar?

Pecar, nem sei o que é ou será.

Basta-me viver e admirar quem fez

a beleza dessa exemplar natureza.

 

Aprendi a rezar pelos todos mistérios

e os prazeres que sinto e não minto.

Se Adão pecou porque Eva o inspirou,

só posso imaginar a força de seu desejo,

mas não vejo motivo de punição. Isso não!

 

Há quem desconhece, com razão,

quem foram Eva e Adão, Caim e Abel,

Jacó, Labão, Sansão e Betsabá,

nem Cristo, filho do Altíssimo,

de pés no chão, morto na cruz,

que veio retirar o semelhante do cercado,

frutos mais da fértil imaginação

que do pecado e da sempiterna perdição.

 

Ninguém pode ter nascido da ingratidão,

com mancha de ofensa sem complacência,

nem mesmo Adão, no apego da dormência.

Nem Maria já no pensamento de Deus,

como também o piedoso Jó, você e eu,

desde antes da Criação da luz e da ciência.

 

Por que teria de ser só uma Senhora imaculada,

a ser a mãe do Filho, pelo Espírito de Deus,

que, um dia, viria tirar o pecado do mundo,

se nem existia castigo a quem não mereceu?

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