terça-feira, 8 de setembro de 2015

Nuvens Esparsas 10


(Relembrando tempos reclusos)



Deus me vê, me aclara,

não me censura, cura,

nem lhe cabe condenar.

Olho de Deus

não conhece mau-olhado,

nunca foi triangular,

severo, oblíquo, raivoso,

dissimulado.



Bondoso, sempre, foi,

com muita vontade

de ajudar o pobre coitado.

Não me olhou

no banheiro, ou sanitário,

para evitar

o vício solitário.



Nem enxergou, malsim,

no escuro do confessionário,

pensamentos culpados,

resistentes,

noturnos, reincidentes,

como a consciência de Caim,

no refúgio solitário.



Dentro da vedada muralha,

assentado numa cadeira fria,

rígido, encolhido, inseguro

na sombra profunda,

o revejo foragido verdugo,

em “ La Conscience”,

poema escuro de Victor Hugo.

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