quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Pensares a conta-gotas (243)


Brindisi, o porto, o mar, o bar (Puglia/outubro/13)

Sentir-se afastado, perdido, proposital,
alheio ao que bloqueia,
ao que acontece, dos todos os lados. 

Um olhar mais longo, mais aguçado,
mais crítico, mais injustificado,
pode degustar de um espaço público,
de um momento de silêncio, abstêmio,
de impessoalidade, de anonimato,
sem que cause prejuízo ao tempo,
ao olhar de pessoas, cercado. 

A sensação é de liberdade,
de crianças alheias ao mundo,
sempre às voltas, movimentadas. 

Curioso saber-se consciente,
absoluto senhor da mente,
poder julgar nas luzes do passado,
as distâncias, os instantes,
que não mais existem, como limites às vistas,
que impeçam pensar com mais divagares.  

Chama-se a isso, liberdade de poder viajar,
sair do recanto, do país, do planeta,
ser exegeta de si mesmo,
participar do turbilhão de indagações?
Alma de esteta? Facetas?

 
 

O tempo demora, ou depressa passa,
como raio na tempestade.
Quanto mais o apresso, mais depressa passa,
mas, se ando devagar, não se faz esperar. 

Passar pelo mundo é um passear de momentos,
aqui, acolá, experimenta-se, a testar sortimentos,
de nula munição, sem guerras, sem contendas,
apenas se comprova já listadas encomendas. 

As pessoas, que comigo viajam, fazem o mesmo trajeto,
cada uma a seu jeito, ao ritmo ditado no próprio projeto,
em cumprimento de buscar soluções,
no confronto de conflitos, em dilemas previstos.  

As viagens, sempre ligeiras, nuvens passageiras,
pelas limitadas capacidades de pensar
nos desvãos de estradas,
não permitem indagar das próximas paragens,
para suprimentos de mais coragem.

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