terça-feira, 8 de outubro de 2013

Pensares a conta-gotas (237)


Haicais fingidos 1

Bachô: “Uma pimenta / Colocai-lhe asas: / uma libélula rubra”.
Do discípulo Kikaku: “Uma libélula rubra. / Tirai-lhe as asas: / uma pimenta”.
“Velho tanque. / Uma rã mergulha: / barulho da água”.

 
A tal rã de Bachô
sai do poço:
de novo a calma
 

Sossego do poço,
a rã de Bachô:
água limpa.  

 

Libélula de Kikaku
da flor se alimenta:
pimenta. 

 

Libélula do mestre,
flor fecunda:
pimenta nasce. 

∞  

Poemas curtos
enchem de sentimentos,
moinhos vazios.  

 

Sem nuvens no céu,
cimos sem véu:
azul imenso. 

 

Zás-trás de maldade,
bomba a gás:
cinza do vômito! 

 

Sem correrias,
e demais avarias,
prudência apascenta. 

 

Cuidado com o santo,
balanço do andor
é de vagar! 

 

Santo Antônio de costas,
fato bisonho,
ou prova de amor.

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