domingo, 8 de dezembro de 2013

Pensares a conta-gotas (248)


Ao poeta ocorre escrever poesia,
com palavras mortas!
A outros, fazer a guerra
com palavras monstras,
e tortas. 

 

O poema pode, até, ser concreto,
dura mistura de pedra e cimento,
monumento. 

A prosa pode ser, até, concreta,
massa elástica,
de matéria plástica. 

O velho casarão da praça pode, até, ser solarengo,
sonolento, de janelas e portas abertas,
telhado discreto, tombado por decreto. 

A árvore pode, até, ser centenária,
abrigo de orfeões de pássaros,
alimento de cantos, sem tempo estéril. 

As paisagens podem, até, pintar montes e grutas,
povoados de pessoas brutas, imagens rudes,
e concretude de pensamentos. 

Mas a poesia é abstrata, 
discreta, sem se envolver
em invólucros concretos. 

Aérea, etérea, sidérea,
amante dos ares de liberdade,
o leitor vai buscá-la dentro de si, refrigério. 

Poemas, prosas, paisagens, pássaros,
e, até, pessoas avaras de sentimentos
podem sugerir imagens e-ternas.

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