quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Pensares a conta-gotas (253)


O que sabem os mortos 
de morte, que não sabe
o comum dos mortais?
O esquecimento de ais
que deixaram para trás,
pouco ou nada mais.
 

 

Com palavras poucas,
resume-se o mundo,
ébrio, moribundo. 

Com um olhar rápido,
de par em par, o circundo,
balão vagabundo. 

Com um silêncio mouco
e gestos poucos e rotundos,
machuca-se profundo. 

Com um ó ao vento,
revela-se som tocado
de dó menor, infecundo. 

Com um ah! de alívio,
suspendo-me no ar,
gir´ando, pr´a lá e pr´a cá,
viro-mundo. 
 
 
 

Quando perco o sono,
ouço um hino de grilos,
a grilar-me, gritando no ouvido,
como sino de fazer olvidar
o ônus de não poder sonhar
com as Vênus de Milo.

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