quarta-feira, 27 de julho de 2011

Pensares a conta-gotas (22)


Das lonjuras as mais longe, do páramo etéreo,
minha figura mais parece
ponto perdido no mundo
dos espaços, das alturas rotundo;
dois pontos lembrando meus olhos
como que acesos no escuro profundo;
 meus ouvidos, aspas de atenção aflita;
 minhas narinas, tremas de tremuras;
 meu coração, travessão de rachaduras;
 minha alma, vírgula na textura infinita;
 minha presença, complexa, acento circunflexo;
 minha coragem, ponto de exclamação suspenso;
 minha mente, ponto de interrogação imenso;
 minhas pernas, colchetes de arqueadas dúvidas;
 meus braços, parênteses que abrem e fecham abraços;
 minhas mãos, pontos-e-vírgulas ou reticências;
 meus atos, meu tudo, meus acentos agudos;
 minha vontade, acento grave de pensares tácitos,
a se acentuarem, pelo corpo inteiro, dia/gramáticos.




O que sobra dessa vã vaidade,
Desses tão poucos anos vividos,
O mais das vezes distraídos,
Nesta nau de insensatos, foragidos?

A tênue esperança de renascenças,
Em outra qualquer parte das galáxias,
Por mais distantes ou infinitas,  
Sem reminiscências e sem datas
De acumuladas experiências,
Mesmo que de autodidatas?  

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