terça-feira, 25 de outubro de 2011

Pensares a conta-gotas (43)

(Aos mortos do 11 de Setembro de 2001)

Os homens nascem e morrem,
pela lei da vida e do sistema,
mas não nascem para morrerem,
seja dentro ou fora do cinema.

A violência é fruto de mentes,
que mentem para o mundo,
mas não enganam as pessoas,
no fundo.

A demência torna-se objeto de lazer,
e mais parece ato de prazer,
do que doença sem cura,
no cinema.

Os homens babam seus poderes de morte,
seus tentáculos ultramarinos, bem ferinos,
e massacram até meninos,
no cinema.

As guerras trucidam e matam,
como catástrofes, cataclismos
e acidentes glamurados,
no cinema.

As convulsões sócio-artificiais,
como as desgraças naturais,
fazem graças, como se em teatro,
no cinema.

Mas, os poderosos, corajosos por demais,
tremem só de sentirem a chama,
ou o pigarro,
de um palito de fósforo,
no acender de cigarro,
fora do cinema.

O sangue que se derrama
em outros palcos do mundo
é insensível aos abastardados covardes,
fora do cinema.

O barulho de armas pesadas,
o tremor de tanques no asfalto,
arrastando o desfile de mísseis, perfilados,
no dia da pátria “amada, idolatrada, salve, salve”,
aquecem, nas almas poluídas,
o orgulho das mortes anunciadas,
dentro ou fora do cinema

As bombas atômicas, e os aviões invisíveis,
ameaçam a cabeça de impotentes inocentes,
com festas e discursos sem censura, sem dilema,
sem merecimento de qualquer ternura,
longe ou dentro de sala aclimatada
de cinema.

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