(Pensando em Auguste de Saint-Hilaire,
em "Viagens" pelo Brasil)
O sábio viaja, sem descansos,
sem confortos,
com a inédita bagagem
de animais, folhas e flores,
e espantos.
A chuvas enchem os córregos e rios,
e regam as plantas das matas virgens.
As águas e o sol nem sempre ajudam
ao cavoucar ainda mais os barrancos.
As mulas atolam no barro
e rompem caminhos, dificultosamente.
O arrieiro adoece de febrão persistente.
O cientista sofre e se contenta
de frugalidades, sem privacidades.
As pulgas e os bichos-de-pé
desconhecem-lhe o nome.
As curiosidades dos moradores
atrapalham-lhe o trabalho de pormenores.
Vive pouco, nas poucas hospitaleiras estalagens.
Come mal, dorme mal, muito mais ainda anda,
para não deixar escapar à posteridade
a visão da herança universal,
que a ciência haverá de conservar
da fauna e da flora da terra brasilis.
E ele olha, ele enxerga e colhe
e recolhe amostras,
guardando em baús de lata seus cuidados.
Descreve, analisa, e revisa
os critérios de seus achados.
Mas é a idéia sadia que tem da natureza
a essência de sua corpórea magreza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário