segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Pensares a conta-gotas (212)


A síndrome do ninho vazio
lembra rio que já foi perene,
e, agora, some ou treme
no sorvedouro de secura,
ou no excesso de lamas,
se rachando ao sol,
engolindo solidões,
como plantas sem ramas. 

Solitário, vê as forças minguarem,
aumentarem-lhe os anos com anos,
sumirem-lhe os brilhos dos olhos,
quando luzes de lua e cores de dia
ainda reluziam nas águas vit(r)ais,
que não tinham tantas larguras,
tampouco, já, lonjuras mais! 

 

 
O rio faz curvas,
sem pressa
de chegar a mar. 

Recolhe águas de chuvas,
de lágrimas e mágoas,
que lava bem devagar.



 
As águas não têm medo
de quebrarem a cara, no ofício
de se despencarem das nuvens,
de se esfacelarem em gotas,
poeiras de névoas rotas,
e caírem no vazio dos precipícios,
em saltos e cachoeiras. 

Depois libam o descanso,
no remanso das planícies,
em sossegados cochilos
de ente indolente, tranquilo.
 
Lambem margens,
engrossam curvas,
e depositam alimento e sossego,
no mar ou no ar do desapego,
de onde voltam,
eternas negras viúvas,
a desenrolar os fios finos, na chuva. 

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