terça-feira, 27 de agosto de 2013

Pensares a conta-gotas (220)


Melodias tristes também trazem alegrias.
Nem sempre o sério vem carregado
de curiosidades ou de mistérios,
que nos fazem buscar o prazer,
lá onde possa jazer as fontes da Arte,
ou dos sentimentos, que compartem,
e sanam carências com harmonias.
 


 
Doem-me os olhos em pensar
que o sol, para uns, é claridade,
para outros, só necessidade. 

Doe-me pensar que os ouvidos
de uns ouvem som de melodias,
de outros, só o tinir do malho,
na ferraria. 

Doe-me pensar que o cheiro no ar
é, para uns, perfume de lavanda,
para outros, chorume de estrume. 

Doe-me pensar que o sabor do prato
tem, para uns, gosto de confeitaria,
para outros, o insosso da boia-fria. 

Doe-me pensar que mãos que tateiam
tocam, para uns, o veludo macio,
para outros, somente o apalpar no cio. 

Doe-me saber que os sentidos todos
só são sentidos na cor do sangue das veias,
que uns sentem sem quase nenhum prazer,
e outros se comprazem em sentir,
sem dividir.

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