quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Pensares a conta-gotas (221)

(Às crianças que sofrem pelo mundo
e aos médicos que chegam, para minorar sofrimentos)


Como é possível, daqui, desse Éden,
dessa torre de marfim e casa de ouro
(Turris Eburnea, Domus Aurea),
dessa sorte de pouco convívio com a morte,
avaliar os que moram e morrem
do lado de lá do paraíso,
onde se sabe o sofrimento, a falta dos juízos,
e a dor é comida, bebida, dormida, vivida
como se não existisse amor,
muito menos melhores vidas! 

Há sempre alguém, de quem ideia não se faz,
nem se sabe onde se esconde,
que sofre bem mais do que as demais pessoas,
talvez nós, que nos julgamos merecedores de paz. 

O que vale uma vida humana,
decantada em palácios, sob lençóis de mil fibras,
ou pensada e escrita debaixo do azul do céu,
á beira mar que as brisas beijam e balançam?  

Que se pergunte à criança esquálida,
de olhar estatelado, pasmado e medonho,
que ainda não tem cons/ciência,
que não pode falar de horrores,
a não ser com os olhos da inocência!

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