terça-feira, 20 de agosto de 2013

Pensares a conta-gotas (217)


Jesus, ao que parece, era gordinho,
criança em ninho de passarinho,
perninhas e bracinhos no ar,
rechonchudo, alegrinho, tal se nina,
como nos retábulos e presépios
das igrejas barrocas de Minas. 

Depois, o menino cresceu, devagarinho,
perdeu o redondo das forças,
emagreceu de tanto desvelo, a vagar,
cresceram-lhe barba e cabelos,
para mais depois se misturarem,
no suplício maior, a sangue e suor.
 

 

Deus não ajuda apenas os que pedem,
os que conhecem a lei,
os que madrugam e quase não dormem,
os que dormem e não trabalham,
nem madrugam, e vivem de folgas. 

A Deus não cabe ser injusto,
dividir uns dos outros,
que seus filhos são todo mundo,
os que existem, lá onde for,
em palácios, ou em guetos imundos. 

Por que pedir a uns, e despedir a outros?
Que decidam sozinhos, sem vantagens,
serem donos de narizes e caminhos,
carregarem méritos ou deméritos,
na construção de sempiternas viagens.

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