sábado, 25 de fevereiro de 2012

Pensares a conta-gotas (72)

Que os filhos não cresçam,
nem se aborreçam ou sofram,
nem trabalhem ou corram,
ou se levantem, assim, tão cedo,
ou cheguem atrasados,
aos olhares alheios, apartados.

Um dia, estarão sozinhos,
não se levantarão mais tarde,
trabalharão e correrão
como qualquer vivente,
ou, até, serão traídos
por olhares serpentes.

Aprenderão que viver é perigoso,
sem deixarem de fugir da vida,
por imperioso e por ciso,
sem que os pais estejam próximos, atentos,
por impotentes ou já desaparecidos
destes recantos de infernos ou paraísos.

Não haverá por que serem lembrados,
como não é costume acontecer
com quaisquer antepassados.
O tempo não os deixará para trás,
para não retirarem dos descendentes
a ocasião de mais viverem,
na insana procura da paz.

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