sábado, 4 de fevereiro de 2012

Pensares a conta-gotas (67)

(Musa desnuda)

O que resta,
depois da festa,
no corpo nu,
na testa que sua,
da musa difusa?

A beleza bem vestida
desnuda-se, de vez,
da roupa fina,
das meias cruas
e das botinas,
dos pós e prós,
dos reveses da altivez.

Restam-lhe, do manto,
os contras, a tristeza,
num espelho tonto,
na parede fria,
na água da pia,
da sincera natureza.




(Musa vestida)

Ah! como muda
de veste, de vista
a essência da mulher,
ante a festa,
há muito prevista!

Há, nela, um tanto de tudo,
dixes e fiados ao colo,
pós, espelhos e pedras,
qual gusa, adrede preparada,
a fazer, dela, a musa
de muitos cobiçada.

Olhares, os mais gulosos,
nem enxergar conseguem
as artimanhas tamanhas da moda,
que lhe forçam diversiva imagem,
moldurada de novos ais e ares,
modelo investida de donaires tais.

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