sexta-feira, 27 de julho de 2012

Pensares a conta-gotas (126)



Já tive 20, depois 21,
            30, depois 31,
            40, depois 41,
50, depois 51,
60 e sessenta e uns
anos que passaram
irrecuperavelmente
céleres e raros.

De agora em diante,
corre o vento às dezenas,
às ventanias e ventenas, 
alarmantes vendavais.

Mais além, a senha:
“avante caminhante,
quanto mais se avança,
mais se cansa,
mais se embrenha,
menos se empenha
o fiel da balança!”


                                      
Filho da água, sempre me soube.
um rio atravessando-me por dentro,
borbulhante, encachoeirado,
escorregadio, alucinante, alucinado,
manso nos remansos, descansado,
bravo, às vezes, desbravante, arrebatado.

Ora na paz, represado, repensando,
ora na luta, atormentado, atormentando
em travessias, de vazados pensamentos,
molhados no próprio apaziguamento.

Vejo-me vastíssimo país, banhado,
de terras e águas casadas,
já me cansando, talvez cansado,
de tanto esperar por chegadas,
a portos adrede preparados,
de passados ainda passando,
de aguado presente, ando
afunilado, ou já me afunilando.

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