segunda-feira, 4 de junho de 2012

Pensares a conta-gotas (103)

Variações sobre o mesmo tema

1

O finito, que somos, reflete
o infinito de que dispomos,
de que pouco sabemos,
do que fomos e seremos,
a que apenas somamos
um mínimo de minutos
de energias em sinergias,
absolutos?

2

Explode uma densíssima esfera
qual ponto de possibilidades,
e renasce um mundo de atmosferas,
como brota também o instante,
dentro do vazio de um já antes,
que continua a persistir, a crescer,
alargando mais tempos e espaços,
até se arrebentar de tanto cansaço,
e não mais, em si mesmo, se conter.

Seria esta força de sempre expandir,
para, um dia, diminuindo, regredir,
até o estrépito do instante primeiro,
deixando o lugar de ser lugar, ressurgido,
o tempo deixando de ser tempo, nascido,
o ser, de nem sempre haver sido?

O que não se explica é profundo mistério,
perdido nesse ermo sidéreo,
onde co-existem mais mundos?
Desde onde e até quando, para onde
viajam os pluriversos, complexos,
que não concebem o impossível?
As gentes não existem só como fósseis,
ou como mísseis, de artifícios possíveis.

3

De quando em quando,
o mundo espicha e encolhe,
em reviravoltas
de idas e voltas.

De quando em quando,
o mundo nasce e renasce
de um ponto ínfimo,
denso.

De quando em quando,
o mundo explode e implode
por aí a fora,
no vazio imenso. 

De quando em quando,
o fim dos tempos,
é retorno aos princípios,
aos fins, desde o início?

4

Como seria um mundo infinito,
que sempre começa e termina,
para voltar ao recomeço,
sempre e sem qualquer tropeço?

O que há por detrás do muro,
de onde recomeça o ciclo,
depois do fim do mundo,
do tempo que se detém
do poder do estrondo rotundo,
que se expande, e se retém?

Melhor seria não pensar,
ignorar nossa enésima fração de ser?
O que houve antes desse lugar,
no qual continuará o universo
a se multiplicar, a frear, até parar?

O que houve antes desse tempo,
no qual continuará o mundo
a se expandir, crescendo,
a diminuir, se retraindo,  
para voltar a evoluir, de novo,
infinitamente, assim, óvulo e ovo?

Até onde, até quando as forças do empuxo,
atuarão para além do tempo e do espaço,
em que tudo terá que chegar ao fim,
para sempre voltar a recomeçar?

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