sábado, 23 de junho de 2012

Pensares a conta-gotas (114)

O planeta caminha para mais um fim,
quando o quase tudo será de uns,
e o quase nada, do discreto resto,
mera sobra à espera do que cai
de migalhas escassas das sobremesas,
da mesa farta dos gestos dos nababos
canalhas,
que acumulam riquezas até de limalhas,
para se alimentarem da pobreza,
e se locupletarem da miséria
dos sem dotes de nobreza.




Por que a Terra não despenca do vazio,
e cai sobre nossas cabeças
de crianças sem consciência?

Por que o sol acende e não apaga
as labaredas de 100 quilômetros,
sem torrar-nos a paciência?

Por que a ciência não nos ajuda a fugir,
para onde não há mais lugar
de onde continuar a fuga?

Por que não se ensina à pulga,
animal esperto, a pular só o tanto certo
de seu tamanho tacanho?

Por que tantas perguntas sobre a vida,
se não se consegue satisfazer
nem o mínimo da vontade de saber?

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