quinta-feira, 28 de junho de 2012

Pensares a conta-gotas (116)

O artista costuma morar,
além de quaisquer mares,
ou fronteiras,
acima de quaisquer ideológicas
fogueiras,
no âmago de quaisquer línguas
ou culturas,
no convívio com quaisquer magias,
as mais puras.

A arte extrapola limites
de pessoas e lugares,
e paira nos ares sem sustentos
do além das esferas,
à espera de quem a queira colher
na árvore do bem,
na sabedoria do Éden.

A fruta a se comer se doa,
sem perícias,
em parreiras, pereiras,
e mais eiras nem beiras,
ao alcance de quaisquer
mãos de artistas,
ávida de ser comida sem restrição,
culpa ou cobiça,
como oferendas de quantas
delícias ocultas.




O que se espera, na poesia,
é o inesperado da ousadia,
a surpresa do imprevisto,
o incomum do desacostume,
a teimosia na fuga do déjà-vu,
o deixar de lado do lugar comum
em proveito do inusitado da fantasia
na cabeça do contemplado?
Então, mãos ao machado!

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