A “madrinha Borges” era nora do Zeca Joaquim, conhecedores das artes de cura com remédios caseiros . Para tanto, bastava-lhes dar uma saídinha na horta ou no cerrado, ali, por perto, que logo iam reconhecendo ramos e raízes para os males que afligiam os humildes moradores do lugar . A fama de conhecedora das mezinhas, que sanavam os males mais corriqueiros, corria longe e, até , algumas vezes , conta-se, curara males sem cura . Vira e mexe batia à sua porta alguém precisando de um “chá ”. “Meu filho amanheceu assim , minha filha anoiteceu assada , eu, há muito, não ando prestando para o serviço , a minha mulher vive reclamando de dor nas cadeiras , minha mãe , coitada , está morre não morre, que nem se pode pensar”. E, assim , era o debulhar de um rosário de queixas.
A “madrinha ” dava um jeito em quase tudo, até em gente que sofria “acesso ”, uma espécie de convulsão epiléptica devida a misturadas de comida . A tal misturada fazia estragos, e menino danado devia saber que manga com banana , com leite , com ovo , com jabuticaba , provocava a tal doença que deixava seqüela para toda a vida, como aconteceu com o filho de fulano , com a filha de sicrana , com o pai de beltrano . Garapa de cana depois das refeições chamava “corujão” ou “tremelique ”, na certa . È bem verdade que mais tarde se soube, que aqueles temores significavam rapaduras a mais no jirau por sobre a fornalha ou na despensa.do casarão. Mas, disso, ninguém mais tem noção . Coisa dos antigos donos de engenho, mantidos à custa de mão de obra cativa e comilona.
A "madrinha" aconselhou-o a ir lavando os olhos da menina com um capucho de algodão embebido em xixi de criança de até dois anos, enquanto esperasse. A água, onde se descansasse um raminho de arruda, também seria de grande valia. Assim, Seu Lazinho voltou para casa confiante, e com a alma mais sossegada.
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