domingo, 18 de dezembro de 2011

Pensares a conta-gotas (53)

Instantâneo em Brasília
                                      

De madrugada assalta-me a lua
com disfarce de nua ladra.

Derrama leite pelo quarto
sorrateira no costume.

Calma de pasta morna
toma conta do contexto.

Nos recantos das galáxias
estrelas agonizam.

O céu também é lácteo
naquele retângulo do meu olhar.

A claridade
rói o silêncio.

Os blocos nas quadras são galinhas com sono
que chocam dentro de si moradores do egoísmo.

As árvores, a grama de orvalho, o asfalto frio
rebrilham na noite e lua de Brasília.

A banca de revistas se apequena
à sombra do bambual
na beira do brilho
e dorme com as notícias do mundo
nas fotos da vida.

Mas é o sol, por tabela,
que invade minha janela
e ascende dentro de mim.

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