De
As porcas davam cria na beira do rio , lá onde o sapé não mais disputava espaço com os outros capins . Simplesmente, dominava a várzea . Lugar ideal para animal se esconder e não ser encontrado, bicho-fêmea parir em paz, suas crias de instinto selvagem.
No jacá ele colocava umas espigas de milho descascadas e uma outra ao natural , para , com o barulho da palha , chamar a atenção da porca parida de que ali tinha comida. Ela, com a fome do cansaço de horas de parição e das primeiras mamadas , se distraía com a ração e permitia a meu avô cuidar dos leitões , colocando-os no balaio .
Primeiro, ele pegava uma porção do abundante sapé que a parturiente viera cortando com os dentes afiados , como se fosse parir uma centena de leitões, e com ele acamava o fundo do cesto de bambu . Uma verdadeira devastação o que o instinto materno da porca fora capaz de fazer . Depois, era preciso ficar atento para achar o ninho, e dentro dele a ninhada de leitõezinhos amontoados uns sobre os outros para intercambiarem o calor. Enquanto isso, a mãe faminta mastigava o milho , meio distraída e afastada dali. Todo cuidado era pouco, porque ela poderia resolver, sem mais nem menos, se voltar contra o intruso que lhe roubava as crias. Aí, só mesmo com a vara de bambu, que meu avô nunca esquecia, poder-se-ia conter a fúria instintiva do animal .
Ali, ele dava um jeito de acomodar mãe e filhos em lugar onde pudessem correr menos perigo. Com o passar dos dias , os porquinhos, bem rechonchudinhos, de rabinhos em parafuso , iam se tornando cada vez mais atrevidos , reclamões de comida , com o leite da mãe escasseando e não os contentando mais . Ela , já , agora, era toda calma , magrelona, de tetas bambas , murchas, dependuradas, sem muito ânimo para brigas e intrigas no chiqueiro .
Acontecia, também, de os porcos magros de meu avô, apesar dos cuidados e do milho abundante no paiol , darem de entrar nos quintais dos vizinhos. Comiam mandiocas , chafurdavam na lama e na terra seca, fuçavam e arrombavam açudes de rego d´água . Se encontrassem uma roça de milho, então, já quase granado, faziam a festa, e estragos, na certa . Aquilo desassossegava qualquer vivente, o mais condescendente. Alguns, para cobrar a dívida, ou fazer desfeita , cortava-lhes um pedaço da orelha , o que significava grave provocação, suficiente para dar cabo a sólidas amizades.
Já, no
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